
A Manchester Mineira, a Cidade dos Pianos – como fora conhecida outrora - será para sempre a Princesa de Minas, como canta seu hino: “a bela Juiz de Fora, que caminha na vanguarda do progresso estrada afora”. Quietinha ali na Zona da Mata Mineira, quintal do Rio, nossa cidade vem há muitos anos conservando uma amizade verdadeira com o Choro. Desde o início do século passado, um novelo de histórias vem sendo cosido geração a geração, mantendo esta música, que é símbolo da cultura nacional, viva pelos bares, praças e salas de concerto do município.
Em maio de 1997, quatro bravos mosqueteiros: Cazé Santos, Kim Ribeiro, Márcio Gomes e Cézar Ferreira fundaram o Clube do Choro de Juiz de Fora, para que nunca faltasse roda de choro e abrigo para qualquer chorão que resolvesse visitar a cidade. Foram incontáveis os encontros, amizades, tocatas até altas horas e, por que não, rusguinhas, dessas que toda família tem, que o Clube proporcionou a seus sócios e seu público. Muita gente se formou profissional ali dentro – eu, inclusive! - tocando com os mais experientes, aprendendo a magia de se fazer música em conjunto e o respeito ao legado dos grandes mestres.
Vinte anos mais tarde, como semente que cai direto do fruto na terra e germina, o Projeto Mão na Roda - uma roda de choro didática - pega o bastão dos baluartes e dá continuidade à missão de transmitir a linguagem do Choro aos mais jovens. Muita gente que estava estudando música na faculdade ou no conservatório, tocando em orquestras, bailes, outros grupos de música instrumental, ou até mesmo quem tinha um violão empoeirando nalgum canto da casa resolveu chegar perto pra saber que raios é esse
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“trem” de Choro. E parece que vem dando certo! Em quase 3 anos de trabalho, uma nova safra de chorões vem povoando Juiz de Fora com seu jeito intrépido e sorridente de fazer música.
O álbum “Chora, Princesa! – Um Painel do Choro Contemporâneo de Juiz de Fora” é, sobretudo, um documento que registra, entre 1997 e 2019, um pouco do que se tem feito de Choro por aqui. Passamos um mês enfiados no estúdio, sessões e mais sessões para gravar estas 10 faixas de 9 importantes compositores locais. Foi impressionante ver a leitura que os 23 músicos, das mais diferentes gerações, fizeram das peças e dos arranjos cuidadosamente pensados para cada um deles. Cada um que deixava sua marca numa das músicas, às vezes sem se dar conta, trazia mais uma cor para a paleta tão diversa deste disco. Tem regional, tem baixo e bateria, tem contraponto de sax tenor com flauta (obrigado, Pixinguinha!), tem camerata de violões, tem arranjo para naipe de sopros. De tudo um pouco, que nem de longe chega a ser o todo. Não deu para convidar muitos outros músicos e autores incríveis da nossa terra que, quem sabe, figurarão um segundo volume.
“Chora, Princesa!” é um recorte singelo, uma homenagem, uma reverência. Que privilégio é dar um empurrãozinho para registrar esses encontros. Escutem com carinho, afinal, muitos corações pulsam nestas faixas.
Caetano Brasil
"Chora, Princesa! - Um Painel do Choro Contemporâneo de Juiz de Fora" foi produzido com recursos do Programa Cultural Murilo Mendes.
Chora, Princesa!
Um Painel do Choro Contemporâneo de Juiz de Fora
Compositores
Faixas e Ficha Técnica

Arranjos e Direção Musical Caetano Brasil
Gravado no estúdio Soundscape (Juiz de Fora – MG) por Julião Júnior em julho de 2019 Mixado por Ricardo Itaborahy em setembro de 2019
Masterizado por Nando Costa (Airsculping Studios Los Angeles - EUA) em outubro de 2019
Produção Executiva Cazé Santos e Caetano Brasil
Projeto Gráfico Renan Torres
